30.6.10

Eu tenho uma camiseta do anão Chumbinho

Desde criança gosto de usar camisetas com estampas relacionadas às coisas que eu gosto. Nunca gostei de transformar meu peito em outdoor de grifes como Nike e Adidas, por exemplo. Faria isso se recebesse algum cachê para divulgar os logotipos dessas empresas. Quando eu era criança, no final dos anos 70 e início dos 80, costumava vestir camisetas de personagens da Turma da Mônica e da Hanna-Barbera.

Aos 12, continuava lendo gibis e vendo desenhos animados, mas comecei a me interessar pela música heavy metal. Foi quando pentelhei minha mãe e consegui uns trocados para comprar umas t-shirts do Iron Maiden e do Metallica. Mas pouco tempo depois conheci o punk rock dos Ramones e o hardcore do Ratos de Porão e virei a casaca, digo, a camiseta. Com meu primeiro salário, quando tinha 13 para 14 anos, comprei uma camiseta com a capa do disco "Crucificados pelo sistema", primeiro trabalho do Ratos.

Ao longo de 30 anos, ostentei todo tipo de estampa em minha caixa torácica. Algumas delas, colocaram minha vida em risco, como camisetas de bandas punks (nos anos 80 e parte dos 90 havia muita briga entre facções) e do meu time de coração, o Corinthians (que evito usar em dias de jogos diante da selvageria das torcidas organizadas, cujos integrantes são mais selvagens que o mais empedernido skinhead).

Quando tinha 20 e poucos anos, sempre quis ter uma camiseta com algum detalhe pornô, mas nada explícito, é claro. Como não achava nada no mercado, resolvi fazer a minha própria t-shirt e estampei o logotipo Buttman numa delas. Essa camiseta virou folclórica entre coleguinhas da imprensa porque a usei durante uma coletiva com o então governador Geraldo Alckminn.

Não preciso mais me preocupar em fazer minhas próprias camisetas pornô. Agora posso contar com os serviços do site La Bianca, que faz por encomenda qualquer t-shirt. Finalmente tenho uma camiseta do maior ator que o cinema pornô brasileiro conheceu, o anão Chumbinho. Você também pode embelezar seu peito com estampas da Belladonna e da Linda Lovelace, entre outros modelos disponíveis, clicando aqui.

22.6.10

Ivan, a nova produção da Black Vomit Filmes

Depois do elogiado documentário “Guidable — A Verdadeira História do Ratos de Porão” (2009), o diretor Fernando Rick, de 27 anos, volta a dirigir um filme "doidão", como ele próprio classifica seu curta-metragem "Ivan" (2010). E filmes doidos não faltam no currículo dele, responsável pelas obras "Rubão, o Canibal" (2002), "Feto Morto" (2003) e "Coleção de Humanos Mortos" (2005).

É perceptível como Rick tem evoluído como diretor a cada filme de sua produtora, a Black Vomit Filmes. Assim que saiu da adolescência, Rick pariu "Rubão" e "Feto Morto" ao ser influenciado pelas tranqueiras geniais da Troma (produtora americana de filmes independentes criada por Lloyd Kaufman), que misturam comédia, violência e sexo.

Aos 22 anos, Rick deixou o humor de lado e regurgitou "Coleção de Humanos Mortos", um filme extremo com muitas cenas de tortura. Guardadas as devidas proporções, pois estamos no Brasil, onde ser cineasta deve ser um parto, nessa fase o trabalho de Rick se aproxima de cineastas do naipe de Jörg Buttgereit e Nacho Cerdá.


"Ivan", rodado no mês passado no Centro de São Paulo, é um "drama de humor negro", nas palavras do ator Rubens Mello, que interpreta o travesti Darlene Starr. O curta tem como protagonista o ator André Ceccato, que já participou de vários filmes brasileiros, entre eles "O país dos tenentes" (1987), "Bicho de sete cabeças" (2001) e "Carandiru" (2003).

Ceccato é Ivan, dono de um teatro decadente que precisa vestir uma fantasia de Mickey sob um sol escaldante para entregar panfletos e, assim, garantir o seu sustento. Ele mora num cortiço e seus únicos companheiros são o travesti Darlene Starr e um rapaz que ganha a vida fazendo cover de Michael Jackson em botecos e outros muquifos.


A vida de Ivan sofre uma reviravolta depois que ele vai fazer um teste de figurante numa emissora de TV. No caminho para casa, Ivan vê Darlene ser espancada por delinquentes juvenis. Ele tenta ajudá-la, mas também acaba agredido até seu rosto ficar desfigurado. Apesar de tanto sofrimento, Ivan conseguirá sua redenção.

"É meu primeiro curta com uma produção grande, com uma equipe e equipamentos adequados. O resultado está ficando muito foda, acima até do esperado. Em grande parte, isso se deve ao talento de todo mundo que ralou igual camelo por acreditar nesse projeto bizarro", diz Rick.


"Espero que o público simpatize com o filme, porque deu um trabalho do cão para fazê-lo. Hoje em dia não tem muita gente, pelo menos no Brasil, que se dedica a um projeto maluco desses, com personagens (que vivem) à beira da sociedade", continua o diretor, que mais uma vez trabalhou ao lado de Marcelo Appezzato, co-diretor de "Guidable".

"Quis trabalhar esses personagens de uma forma bizarra, ao estilo (dos cineastas David) Cronemberg e Gaspar Noé, e não como os personagens marginais da favela e do sertão que são mostrados com frequência no cinema brasileiro. Ninguém aguenta mais (esses tipos de personagens)", conclui Rick.

Mondo Cane no set de filmagem
Mondo Cane acompanhou um dia de filmagem de "Ivan" porque seu escriba foi convidado para fazer uma figuração numa das cenas do filme. Não dá para revelar muito dessa participação sem entregar o desfecho do filme. Esperem para ver "Ivan" até o final deste ano em um festival perto de você.

Na foto acima, os boas-pintas Fausto Salvadori, André Ceccato e Gio Mendes

8.6.10

Adeus, Apolônio!

O comediante Viana Júnior morreu ontem, aos 68 anos, após ter uma insuficiência múltipla de órgãos. Ele sempre será lembrado pelo público como Apolônio, personagem que sofria nas mãos, ou melhor, nos ouvidos da Velha Surda, imortalizada pelo humorista Rony Rios, falecido em 2001.

Viana Júnior precisou se afastar da televisão nos últimos anos por causa de uma ataxia cerebral, doença que impede a pessoa de ter controle sobre seus movimentos musculares. Além da TV, Viana Júnior atuou também em quatro produções do cinema paulista: "Tristeza do Jeca" (1961), "Casinha Pequenina" (1963), "A Árvore dos Sexos" (1977) e "Nem As Enfermeiras Escapam" (1977).





4.6.10

Cavalo faz Alex Prado virar cineasta

Com bastante atraso, Mondo Cane traz uma pequena biografia do diretor Rubens da Silva Prado, a partir de informações levantadas no encontro com o cineasta, que aconteceu na Cinemateca, no dia 30 de abril, após a exibição do filme "Gregório 38".

Rubens da Silva Prado foi pela primeira vez ao cinema com 7 anos de idade. O filme que estava em cartaz era Zorro e o menino ficou impressionado com os cavalos que apareciam na tela. “Na hora pensei: um dia vou fazer um filme montado num cavalo”, sonhou o rapaz, que anos depois iria adotar o pseudônimo Alex Prado para dirigir e estrelar (montado num cavalo), aos 24 anos de idade, o clássico "Gregório 38" em 1969.

Quando deixou a pré-adolescência, Prado decidiu que era hora de ver o seu sonho transformar-se em realidade. O primeiro passo dele era conseguir um trabalho em algum estúdio de cinema, o que ajudariapara ficar mais próximo de seu objetivo. “Procurei alguém que deixasse eu trabalhar num filme. Mas naquela época já havia racismo e diziam que eu era preto e feio. Não desisti da vontade de trabalhar no cinema, mentalizando meu próprio filme”.

Prado disse que conseguiu acompanhar um dia de filmagem de “À meia-noite levarei sua alma”, dirigido em 1963 por José Mojica Marins. Aproveitando que o diretor de fotografia Giorgio Attili estava ausente, o assistente de câmera Nuvem Branca deixou que Prado olhasse no visor da câmera.

“Quando pus o olho no visor e vi o enquadramento, fiquei apaixonado”. Para o azar de Alex Prado, Attili retornou ao set de filmagem e o flagrou bisbilhotando a câmera. “Tira esse olho morfético da câmera. Você vai passar alguma doença”, reclamou o diretor de fotografia, segundo as recordações de Prado.

Constrangido, o jovem retrucou para o experiente diretor de fotografia que um dia ele seria diretor de cinema. “Na época eu tinha 18 anos e o Atilli, 60. Ele deu risada de mim quando eu disse que ia fazer um filme. Você não consegue fazer um filme, ele falou para mim. Aquilo me ofendeu bastante, doeu no coração”.

Continua...