13.12.13

Com 48 anos de carreira, técnico da Boca do Cinema de SP ganha biografia

O técnico cinematográfico Virgílio Roveda trabalhou ao lado dos grandes cineastas de São Paulo, como Ozualdo Candeias, Amácio Mazzaropi e José Mojica Marins, o Zé do Caixão. Ele começou como figurante e eletricista no cinema no final dos anos 60 e foi conquistando diversas funções, entre elas as de assistente de direção, diretor de fotografia e produtor.

Depois de trabalhar em mais de 50 longas-metragens, Roveda volta a brilhar em O Coringa do Cinema, biografia escrita pelo jornalista e pesquisador Matheus Trunk. O livro será lançado neste sábado (14), no Espaço Parlapatões, na Praça Roosevelt, 158, Consolação, no centro de São Paulo, entre 16h30 e 19h30.

Natural de Vacaria (RS), Gaúcho, ou Gauchinho, como é mais conhecido pelos amigos (o apelido foi dado por Zé do Caixão), acaba de completar 48 anos de carreira no cinema brasileiro. Apesar das dificuldades, Roveda ainda planeja aumentar seu currículo de filmes.

Um de seus mais recentes trabalhos foi o longa Casamento Brasileiro (2010), de Fauzi Mansur, no qual atuou como diretor de fotografia e operador de câmera. Ao lado do cineasta José Adalto Cardoso, Roveda pretende voltar a produzir comédias com temática rural, como as feitas por Mazzaropi.

11.12.13

Cineasta Glauco Mirko Laurelli morre aos 83 anos em São Paulo

O diretor Glauco Mirko Laurelli morreu em São Paulo, nesta quarta-feira (11), aos 83 anos. Ele dirigiu cinco filmes, quatro deles para o comediante Amácio Mazzaropi. Seu último e mais importante trabalho no cinema foi no filme A Moreninha (1970), resenhado no BRCine recentemente. Veja aqui.

Com o amigo e cineasta Luís Sérgio Person, Laurelli fundou a Lauper Filmes (que traz as iniciais de seus sobrenomes) no final dos anos 60. Além de filmes, a Lauper também produziu comerciais. Laurelli também trabalhou com espetáculos teatrais.

Para Mazzaropi, Laurelli dirigiu os filmes O Vendedor de Linguiças (1962), Casinha Pequena (63), O Lamparina (63) e Meu Japão Brasileiro (64). No cinema, Laurelli começou a atuar como assistente de coreografia no início dos anos 50. Ele também foi montador, assistente de direção e roteirista.

4.9.13

Adaptações da Boca do Lixo: A moreninha (1970)

Depois de ver a adaptação para o teatro do romance A Moreninha, o diretor Glauco Mirko Laurelli decidiu levar o clássico da literatura brasileira escrito por Joaquim Manoel de Macedo (1820-1862) ao cinema no ano de 1970. O papel de protagonista coube a uma mocinha de 19 anos, que até então só havia feito pontinhas nos filmes O Bandido da Luz Vermelha (1968), de Rogério Sganzerla, e Cléo e Daniel (1970), de Roberto Freire. Sonia Braga brilhou no papel de Carolina, a Moreninha. Um papel adequado para quem conquistaria o mundo anos depois com sua morenice brejeira.

Glauco e o diretor de musicais e compositor Cláudio Petráglia, responsável pela versão teatral do romance e convidado para ser um dos produtores da obra cinematográfica, escolheram o ator David Cardoso para interpretar Augusto, estudante de medicina que tem a fama de um Dom Juan desalmado. Um papel adequado para quem anos mais tarde se tornaria o rei da pornochanchada, por incorporar o garanhão em todos os seus filmes. Antes de A Moreninha (1970), David Cardoso havia feito pequenas participações em outros oito filmes, entre os anos de 1963 e 1968.

A adaptação cinematográfica de A Moreninha é fiel ao texto de Joaquim Manoel de Macedo. Augusto e dois amigos (um deles interpretado por Carlos Alberto Riccelli, em sua estreia no cinema) são convidados por Felipe (Nilson Condé), todos colegas do curso de medicina, para passar o dia de Sant’Anna na casa de sua avó, em Paquetá, no Rio de Janeiro. Augusto havia dito que as mulheres viviam encantadas por ele, que nunca deixava a paixão delas se prolongar. “Isso é coisa para bocó”, desdenha o personagem de David Cardoso.

Continue lendo o restante do texto aqui.

1.7.13

Márcia Ferro fica peladona nas alturas

"O Conceição deve ser o homem que mais me viu pelada na vida", disse-me Márcia Ferro, em tom de brincadeira, quando a entrevistei há sete anos. Ela se referia aos ensaios feitos pelo fotógrafo José Luís da Conceição para o jornal Notícias Populares nos anos 80. Além da cobertura da carreira de Márcia Ferro como atriz de filmes de sexo explícito na Boca Lixo, Conceição fez pautas inusitadas com a estrela do pornô, como a mostrada na foto que ilustra este post: a estrela completamente nua sobrevoava a cidade em uma asa delta motorizada.

A foto de Márcia Ferro é uma das 35 imagens selecionadas para a mostra “30 Anos de Fotojornalismo – trajetória profissional de José Luis da Conceição”, que acontece de hoje até o dia 20, na Galeria do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, 2.073, na região dos Jardins. Na mostra, além de imagens publicadas no NP, poderão ser vistas fotos que Conceição fez para os jornais O Globo e o Estado de S. Paulo. A entrada é gratuita. Conceição estará presente na abertura do evento, às 19h de hoje.

Leia mais sobre a mostra e a carreira de Conceição clicando aqui.

Veja um perfil da atriz de sexo explícito Márcia Ferro clicando aqui.

18.6.13

Arnaldo Jabor já elogiou Sady Baby. Será que ele está arrependido?

"Sady Baby, louro, ex-jogador de futebol, é o homem que inventou o cinema ao vivo. Explico: depois de ter feito mais de 20 filmes pornô, dos quais o orgulho é o 'Emoções sexuais de um cavalo', Sady também foi vítima da 'crise cultural que destruiu nossa arte'. E aí teve uma ideia GENIAL: em vez de exibir filmes precariamente, sendo explorado por donos de cinema sórdidos, encheu um ônibus com 20 atrizes pornô e hoje (em 1992) sai mambembando pelos cinemas do interior com shows de sexo explícito. Revoluções nas cidades, mulheres nuas em praças com igrejinhas e coreto, sacanagens rurais, folias brejeiras, putarias agropastoris. Leva um anão no elenco, de 83 centímetros, mas que na cama é um 'gigante': Joãozinho Terremoto, que transa 15 vezes numa noite".
Fonte: Trecho do texto "O pornofilme ilumina o Brasil", escrito por Arnaldo Jabor e publicado na edição do dia 1º de março de 1992 do jornal Folha de S. Paulo (Arnaldo Jabor também afirma que Sady Baby faz parte do trio de ouro do pornô verde-amarelo, ao lado de Carlos Nascimento e de Fauzi Mansur)
Foto: Reprodução/Rede Globo

7.6.13

Filme polêmico de Sady Baby é uma das atrações do festival PopPorn


Uma das obras mais amaldiçoadas de Sady Baby finalmente pode ser vista por seus fãs. O famigerado filme Come tudo, recolhido pela Justiça em 1986 por trazer uma criança de 4 anos participando de uma cena de sexo explícito, é uma das atrações do festival PopPorn, que acontece na República, região central de São Paulo, neste final de semana. Mas não há o menor risco de as autoridades apreenderem novamente o filme, pois a cópia que será mostrada no evento não traz a polêmica cena. A versão editada foi lançada em VHS pela Frenesi Vídeo quatro anos depois, com o título Alucinações de um gozador.

No filme, Sady Baby interpreta Tuta, um cara que adora participar de orgias. Certo dia, ele recebe uma carta misteriosa no sítio onde vive com a mulher (Sofia Blummer), que o deixa totalmente transtornado. Tuta se torna um sádico, que não deixa nenhum de seus funcionários sair do sítio. Ele não poupa nem a própria mãe que vai visitá-lo, confinando também a pobre coitada no imóvel. Tuta passa a torturar todo mundo, obrigando-os a praticar todo o tipo de perversão sexual. Em uma das sequências, ele obriga suas vítimas a comerem insetos e bichos peçonhentos.

O filme será exibido na Trackers, na Rua Dom José de Barros, 337, às 17h deste sábado (8). Uma hora depois, eu e os amigos jornalistas Judson Ovídio e Matheus Trunk, que pesquisam o cinema da Boca do Lixo, vamos participar de um bate-papo com o público. O PopPorn vai mostrar dezenas de filmes de várias partes do mundo, entre longas e curtas-metragens, e realizar outras atividades artísticas. Saiba mais sobre o festival PopPorn clicando aqui. Para mais informações sobre ingressos, clique aqui.

6.6.13

Clássicos da Boca do Lixo: Meu nome é... Tonho (1969)


Em seu segundo longa-metragem, após o clássico A Margem (1967), filme marco do chamado Cinema Marginal, Ozualdo Candeias (1922 – 2007) realizou um faroeste caboclo. Mesmo optando em reconstruir o gênero do faroeste em um bangue-bangue à paulista rodado na cidade de Vargem Grande do Sul, no interior de São Paulo, Candeias continua a retratar no filme Meu Nome É… Tonho (1969) os personagens que conhece tão bem: os excluídos da sociedade.

O faroeste caboclo de Candeias conta a via-crúcis de Tonho (Jorge Karam), um homem de 30 e poucos anos que, quando criança, conseguiu escapar de um bando de criminosos que havia invadido o sítio de sua família e executado todos os seus parentes. Apesar da trágica história da infância, Tonho só vai sentir no sangue todo o ódio do mundo ao descobrir que pode ter mantido relações sexuais com a própria irmã, uma prostituta de cabaré (Bibi Vogel).

O bando do facínora Manelão (Nivaldo Lima), responsável pelo sofrimento de Tonho e sua família, será alvo da fúria implacável do protagonista após a descoberta realizada no quarto do cabaré. Tonho também irá se vingar de criminosos que o hostilizam no bar do cabaré e se defenderá de um homem que tenta açoitá-lo com um rabo de tatu já do lado de fora do estabelecimento. A bala come solta no filme até o duelo final com Manelão.

Continue lendo o restante do texto aqui.

27.5.13

Gil Gomes estrela filme policial rodado na Boca do Lixo


O Cineclube Biroska (rua Canuto do Val, 115, Santa Cecília) exibe às 20h30 de hoje o filme "O outro lado do crime", dirigido por Clery Cunha e estrelado pelo repórter policial Gil Gomes.

Famosíssimo em todo o Brasil, imitado por gerações de crianças e adolescentes gaiatos, Gil Gomes deve muito de sua fama nacional ao programa Aqui Agora, jornalístico veiculado pelo SBT de 1991 a 1997.

Buscando diferenciar-se do "padrão global de qualidade", a emissora de Sílvio Santos criou seu exato oposto: um noticiário caótico, pitoresco e questionador.

Incômodo e criticado até dizer chega, o Aqui Agora representava uma espécie de Chacrinha do jornalismo brasileiro da época: aquele que não vindo para explicar, só servia mesmo para confundir.

Continue lendo o belo texto de Andrea Ormond, autora do blog Estranho Encontro, clicando aqui.

19.5.13

Anão Chumbinho xaveca as gatinhas na Avenida Paulista


Chumbinho, o primeiro anão a fazer filmes de sexo explícito no Brasil, rivaliza em popularidade com Sady Baby entre os fãs do cinema hardcore tupiniquim produzido na Boca do Lixo na década de 80. O baixinho também foi protagonista de uma matéria meia-boca realizada pelo repórter Rodolfo em 1996 para o programa 190 Urgente, apresentado por Ratinho na CNT-Gazeta.

Na matéria, Chumbinho apenas circula pela Avenida Paulista ao lado de Rodolfo dando em cima das pedestres. Ele leva vários foras da mulherada. Quase nada é dito de sua carreira de ator pornô na Boca.

O próprio Ratinho resume assim a curta "reportagem": "É a matéria mais xarope que eu já vi na minha vida. Se esse cara tivesse 25 centímetros de bimbo estava andando arcado. Isso é conversa. Esse Chumbinho é um xarope. Tem que internar ele e o repórter que fez a matéria".

8.5.13

Pérolas do cinema paulista: O regenerado (1998)


"Como ser um religioso e um bandido?", pergunta o cineasta Francisco Cavalcanti no trailer do filme "O regenerado" (1998), dirigido por seu filho Fabrício Cavalcanti. A obra, da produtora Plateia Filmes, será exibida no próximo dia 13 no Cineclubre Biroska, no bairro de Santa Cecília, região central de São Paulo. A entrada é gratuita.

"O regenerado" conta a história de Mário, um bandido periculoso e procurado pela polícia que abandona a vida do crime ao se tornar um homem religioso. Apesar da conversão, ele passa por uma provação dos diabos: perde o emprego, flagra a mulher com outro homem e ainda acaba expulso da própria casa.

Sem qualquer perspectiva, Mário decide voltar a ser um bandido. É aí que entra o questionamento feito pelo pai de Fabrício Cavalcanti no trailer. Como não ser um pecador ao abraçar novamente a carreira criminosa? O problema é que Mário agora não é mais um bandidão da pesada. Ele desaprendeu o ofício após um período de aposentadoria.

A dor de cabeça de Mário aumenta mais ainda no momento em que ele se junta a Juca, que pensa ser o maior bandido da área, mas não passa de um trapalhão. A dupla vai se envolver em uma série de presepadas, como participar de um sequestro mal planejado que acaba de maneira surpreendente.

Direção: Fabrício Cavalcanti. Elenco: Reinaldo Sapucaia, Fabrício Cavalcanti, Cristina Lopes, Francisco Cavalcanti, Jesse James, Clery Cunha, Ednor Messias, Roberto Rocco, Castor Guerra, Claudice Santana, Rute Gomes, Adilson Gutierres. Duração: 1h47. Produtora: Plateia Filmes.

6.5.13

Mário Lima é homenageado por amigos da Boca do Cinema


A turma da Boca do Cinema vai homenagear hoje o cineasta, ator e produtor Mário Lima, que morreu aos 77 anos no final de março, vítima de complicações decorrentes de uma pneumonia. Os amigos de Mário Lima vão participar, primeiro, de uma missa na Igreja Santa Cecília, no centro de São Paulo, às 19h. Uma hora e meia depois, todos vão se reunir no Cineclube Biroska, no mesmo bairro, para assistir ao filme "Quinta dimensão do sexo" (1984), dirigido por José Mojica Marins, mas roteirizado e produzido por Mário Lima, companheiro inseparável do criador de Zé do Caixão.

Em 1957, quando tinha 22 anos, Mário Lima resolveu se matricular na escola de cinema de Mojica. Um ano depois, Mário Lima estreou como ator e assistente de produção no filme "A sina do aventureiro", primeiro longa-metragem de seu professor. Da relação entre mestre e aluno surgiu uma grande amizade. Mário Lima ainda atuou na frente das câmeras nos seguintes filmes de Mojica: "Meu destino em tuas mãos" (1963), "À meia-noite levarei sua alma" (1964), "O estranho mundo de Zé do Caixão" (1968), "Pesadelo macabro (episódio do filme "Trilogia do terror", também de 1968), "Ritual dos sádicos/O despertar da besta" (1969), "Finis hominis (1971), "Quinta dimensão do sexo" (1984), "48 horas de sexo alucinante" (1986) e "Encarnação do demônio" (2008).

Mário Lima atuou também em três filmes de outros diretores: "Meu nome é Tonho" (1969), de Ozualdo Candeias, "O profesta da fome" (1970), de Maurice Capovilla, e "Núpcias vermelhas" (1975), de J. Marreco. Apesar de sua vasta experiência no cinema, Mário Lima dirigiu apenas um filme: "Vingança diábolica" (1987), cujos protagonistas são Walter Gabarron e Makerley Reis. Esse mesmo filme ganhou uma versão com cenas de sexo explícito rebatizada como "A menina do sexo diabólico" (1987).

"Quinta Dimensão do Sexo" teve cenas de sexo explícito enxertadas posteriormente para poder ganhar a telona. Na época, os exibidores só queriam filmes que mostrassem closes de penetração. Nenhum dos astros e estrelas do filme original participaram das cenas picantes. Expliciteiros como Silvio Junior foram convidados para rodar as novas sequências, que não têm qualquer relação com a história original.

Veja a ficha de "Quinta dimensão do sexo":

Elenco: Márcio Prado, Zilda Mayo, Maristela Moreno, Michelle Bertran, Marthus Mathias, José Mojica Marins, Mário Lima, João Francisco, Débora Muniz, Albano Cartozzi, Roque Palácio. Sinopse: Paulo e Norberto são amigos, estudantes de Química, ridicularizados pelos colegas de faculdade pelo rumor de serem impotentes. Eles, então, iniciam uma pesquisa e desenvolvem uma fórmula que os transforma em maníacos por sexo. Saem à caça de mulheres nas ruas para raptá-las e estuprá-las. A polícia encontra as vítimas mortas e tenta identificar o autor dos crimes.

Serviço da Homenagem "in memoriam" para Mário Lima:

A missa acontece às 19h na Igreja Santa Cecília, localizada no Largo de Santa Cecília, no bairro do mesmo nome. O filme será exibido às 20h30 no Cineclube Biroska, que fica na rua Canuto do Val, 115, na mesma região, no interior do bar Frango com Tudo.

Leia mais sobre Mário Lima no blog "Violão, sardinha e pão".

Leia mais sobre "Quinta dimensão do sexo" no blog "Filmes para doidos".

Veja anúncio do filme publicado em jornais da época (imagem cedida pelo colecionador Alexandre Aldo Neves):

29.4.13

Atriz fala sobre sua carreira na Boca em livro de memórias


A atriz Noelle Pine realiza hoje uma noite de autógrafos para o lançamento de seu livro "Luz, cama, ação! Hollyboca".

Na obra, Noelle fala sobre sua carreira no cinema da Boca do Lixo no início dos anos 80. E também sobre o desencanto de ver alguns de seus filmes ter cenas de sexo explícito enxertadas alguns anos depois.

A atriz não poupa críticas ao diretor Sady Baby, que remontou o filme "Paraíso da sacanagem" (1984) com cenas hardcore para a decepção de Noelle. "Seu nome deveria constar no dicionário como sinônimo da palavra sordidez", escreve Noelle sobre Sady.

Noelle fala também sobre o período de 18 anos que morou no exterior. Na Espanha, ela quase participou de um filme do diretor espanhol Pedro Almodóvar e também atuou como cantora de um grupo musical.

O lançamento de "Luz, cama, ação! Hollyboca" acontece na Sala Lilian Gonçalves, na Rua Canuto do Val, 115, na Santa Cecília, região central de São Paulo, às 20h30.

O livro de Noelle também pode ser adquirido aqui.

Confira a filmografia de Noelle Pine clicando aqui.

Veja abaixo a entrevista concedida por Noelle para o programa "Comunidade em Ação":

20.3.13

Clássicos da pornochanchada: O Inseto do Amor (1980)


Atualmente falta picardia nas comédias brasileiras, coisa que as pornochanchadas tinham de sobra nos anos 70 e 80. As comédias eróticas produzidas na Boca do Lixo de São Paulo nessas duas décadas atraíam uma multidão de pessoas para as salas de cinema, graças aos dotes físicos de atrizes como Helena Ramos, Nicole Puzzi e Matilde Mastrangi, entre tantas outras musas do cinema nacional. Mas também por causa de argumentos engraçadíssimos, como o do filme O Inseto do Amor (1980), do diretor Fauzi Mansur.

Naquela época os cartazes dos filmes eram um convite à parte para fisgar a atenção do público. No traço do ilustrador gaúcho Benício, o cartaz de O Inseto do Amor trazia a imagem de um mosquito aumentada por uma lupa no momento em que ele dava uma ferroada maliciosa em um traseiro feminino. Em segundo plano aparecem as caricaturas de astros como John Herbert, Helena Ramos, Rossana Ghessa, Serafim Gonzalez, Angelina Muniz e Arlindo Barreto sob o efeito da picada do Anophelis sexualis, nome científico do tal inseto do amor.

Com roteiro do próprio diretor e do escritor Marcos Rey, o filme começa com o cientista Hans Muller (interpretado por Carlos Kurt, o eterno vilão dos filmes dos Trapalhões) fazendo uma expedição à selva amazônica. Ele foi até a Amazônia coletar alguns mosquitos para estudo, pois já tinha ouvido falar das propriedades afrodisíacas do Anophelis sexualis. Hans leva os espécimes para um hotel em Ilhabela, no litoral paulista, onde ele está hospedado. Ao saber da presença dos insetos na cidade, a população entra em polvorosa.

Uma confusão envolvendo o cientista e um hóspede do hotel, que queria roubar um mosquito para curar sua impotência, faz com que os insetos fujam do recipiente onde estavam guardados. A partir daí uma série de problemas acontecerá na pacata ilha. Homens e mulheres picados pelo mosquito não conseguirão controlar seus instintos mais selvagens. Quem não fizer sexo no período de duas horas irá bater as botas, como um presidiário, a primeira vítima do inseto no filme. Sozinho na cadeia, ele acabou furando a parede da cela recheada com pôsteres retirados de revistas de mulher pelada.

Ninguém escapa imune do rígido ferrão do inseto do amor, nem mesmo os personagens moralistas do filme. O padre Soares (interpretado por Jofre Soares) passa o filme inteiro duvidando da eficácia da ferroada. “O pecador quer qualquer desculpa para pecar. O pecado está na mente da pessoa e não na picada de um mosquito”, vive repetindo o religioso, que enfrentará um terrível dilema em sua cruzada contra os ‘pervertidos’. As comédias atuais precisam de uma picada da ousadia dos filmes de outrora.

FICHA TÉCNICA
Diretor: Fauzi Mansur
Elenco: Angelina Muniz, Helena Ramos, Zélia Diniz, Jofre Soares, Serafim Gonzalez, John Herbert, Carlos Kurt, Arlindo Barreto, Flávio Porto, Lola Brah, Francisco Cúrcio, Felipe Levy, Renato Bruno, José Lucas, Rossana Ghessa, Ana Maria Kreister, Claudette Joubert, Liza Vieira, Alvamar Taddei, Heitor Gaiotti, Henriqueta Brieba, Carlos Bucka, Eudes Carvalho, Misaki Tanaka, Alexandre Dressler, Cavagnole Neto, Marcos Plonka, José Júlio Spiewak, Mara Husemann, Fábio Villalonga, Suleiman Daoud, Lino Sérgio, Nádia Destro, Marthus Mathias, Henrique Bertelli, Tereza Rodrigues, Carmen Ortega, Vera Lúcia, Ariadne de Lima, Celina de Castro, Celso Gil, Pedro Paulo Zuppo, André Luiz, Michel Cohen, Marly Palauro, José Lopes, Aparecida de Castro, Sílvia Regina, Márcia Montiel, Gilberto Fernandes, Carlos Arena, Hélio Motta, Luiz Schiavo, Miranda Marques, Cinira Capucci, Clarice Ruiz, Fátima Fonseca, Ilse Marques, Carmen Goulart, Zé da Ilha, Wandilson, Iolanda Silva, Júlia Veloso, Lilian Leila, Divina Cherotto, Roseli Dias, Dionísio Pedralli, Fafá, Rosecler, Ezequias Balmat, Domingos dos Santos, Hilda de Castro, Simone, Valderez Pires
Produção: J. D’Avila Produções Cinematográficas
Argumento e roteiro: Fauzi Mansur e Marcos Rey
Fotografia: Gesvaldo Arjones Abril
Duração: 100 minutos
Ano: 1980

O filme chegou a ser lançado em DVD pela Sexxxy, mas está fora de catálogo.

3.3.13

Sady Baby na clandestinidade: cabelos pretos e curtos


Após ser acusado pela polícia de forjar seu suicídio em agosto de 2008, o espiríto de Sady Baby se manifestou no meu telefone celular dois dias antes do Natal de 2010: "Sucesso e muitas bucetas + 1 tempo fora. Tô muito bem. Tu vai se surpreender". Retornei imediatamente para o número de telefone que aparecia na mensagem, mas ninguém atendia as ligações nem retornava os torpedos. Sady ainda iria ficar mais algum tempo recluso.

Menos de um ano depois, em agosto de 2011, finalmente recebi uma ligação do cineasta, que, às gargalhadas, se identificava por seu novo nome na clandestinidade. Combinamos de nos encontrar em um jogo do Corinthians no Pacaembu, pois fazia tempo que Sady não via uma partida do Timão. Foi no porta do estádio que encontrei o diretor de clássicos como "Emoções sexuais de um jegue" e "No calor do buraco" com um novo visual: de cabelos curtos e pintados de preto (no lugar de seu tradicional penteado de ovelha, com cachos loiros).

Sady explicou que estava esperando alguns processos judiciais expirarem para ressuscitar com sua identidade verdadeira e dar continuidade a um novo projeto "artístico", pois os anteriores foram interrompidos após uma operação da Polícia Federal dias antes de ele "pular para a morte no Rio Uruguai". Mas, no começo da semana passada, Sady foi desmascarado durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal na cidade de Caxias do Sul (RS). Havia contra ele um mandado de prisão por estelionato, após a Polícia Civil de Caçador (SC) receber uma denúncia que Sady estava realizando compras em vários estabelecimentos comerciais da região com cheques sem validade e em nome de terceiros.

Sady foi preso ao lado da atual mulher. Sobrou até para a sogra do cineasta, que foi detida horas depois sob a suspeita de receptar os produtos adquiridos com os cheques frios. Agora a situação ficou insustentável para Sady, pois além dos processos de uso de adolescente em filme pornográfico e da falta de pagamento de pensões alimentícias, o cineasta vai responder agora pelos crimes de estelionato e falsidade ideológica. E a Polícia Civil de Santa Catarina está tentando localizar possíveis vítimas de golpes em outras cidades do Estado, o que pode engrossar mais ainda a pena de Sady. Por enquanto, Sady está no calor do buraco de uma das celas do Penitenciária Industrial de Caxias do Sul.