Garotas de programas e travestis afirmam que estão na seca sexual por causa da lei que impede motoristas de dirigirem após umas doses de goró
Não são apenas os donos de bares que reclamam da diminuição do número de fregueses depois da criação da lei seca. Profissionais do sexo, como garotas de programa e travestis que fazem ponto nas ruas, afirmam que a clientela deles reduziu bastante com a medida que restringiu o consumo de bebidas alcoólicas de motoristas. Quem sobrevive com a prostituição diz que o faturamento caiu mais de 50%.
"Antes eu fazia quatro programas por noite nos finais de semana. Poderia fazer mais, mas esse era o meu limite. Hoje para conseguir fazer um programa está uma dificuldade", compara Renata, de 27 anos, que não quis dizer o sobrenome e pediu para não ser fotografada. Na madrugada da última sexta-feira, Renata esperava por seus clientes parada em uma esquina da região da Rua Augusta, tradicional ponto de prostituição do Centro de São Paulo. "O movimento caiu bastante porque nossos clientes bebem e dirigem", afirma.
Outras prostitutas concordam com Renata, mas preferem evitar a equipe de Mondo Cane. Renata não lamenta a queda do rendimento que obtém como garota de programa , pois trabalha há um ano na função de babá, ganhando um salário mensal de R$ 800. Ela diz que começou a se prostituir no começo deste ano, depois que o marido foi preso, para aumentar a renda do mês. "Tenho uma filha de 10 anos para sustentar e ainda ajudo minha família". Renata cobra R$ 100 por programa, com duração que varia de meia a uma hora.
Na Avenida Indianópolis, no Planalto Paulista, Zona Sul da capital, os travestis também relatam que a lei seca entrou em conflito com a atividade deles, pois a clientela chega por lá de carro depois de tomar umas e outras. "No nosso caso, é bom sair com homem bêbado. É mais fácil tirar dinheiro", diverte-se Bruna Ribeiro, de 28 anos. Depois de passar um ano na Itália, nas cidades de Rimini e Milão, Bruna voltou a trabalhar nas ruas de São Paulo há quatro meses. "Fazia uma média de cinco programas. Caiu 50%", observa Bruna.
Há três anos ganhando a vida na Indianópolis, o travesti Flávia Assunção, de 22 anos, conta que os clientes já admitiram ter sumido da área por causa da lei seca. "Eles comentam que têm medo de sair e acabar tomando uma multa", diz. Flávia acredita ser raro o cliente que não bebe antes de procurar um travesti. "Muitos têm vontade de vir bêbados, pois ficam bem soltinhos", brinca Flávia, que em dias melhores jura ter feito oito programas. "Antes a gente fazia dois programas em poucas horas. Para conseguir essa quantidade, temos que ficar a noite inteira aqui". O preço dos programas com os travestis varia de R$ 100 a R$ 1 mil.
6.8.08
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