A Cinemateca Brasileira homenageia o cineasta Roberto Farias, apresentando uma retrospectiva de sua obra. Reunindo todos os filmes dirigidos pelo realizador, que completou neste ano 80 anos, e a maior parte de sua filmografia como produtor, a mostra é uma realização do Centro Cultural Banco do Brasil e conta com a curadoria dos pesquisadores João Luiz Vieira e Tunico Amancio. Produzida pela Jurubeba Produções, e co-produzida pela Cinemateca, a homenagem inclui debates e a exibição de 16 filmes em novas cópias 35mm especialmente confeccionadas pela Cinemateca para esta ocasião.
Diretor, produtor, distribuidor, empresário e articulador de políticas públicas para o setor cinematográfico à frente da Embrafilme nos anos 1970, Roberto Farias é dono de uma extensa trajetória profissional que se confunde com momentos capitais da história do cinema brasileiro. Nascido em 27 de março de 1932, em Nova Friburgo (RJ), iniciou sua carreira como assistente nos estúdios da Atlântida no começo dos anos 1950, trabalhando e aprendendo o ofício ao lado de diretores como Watson Macedo, José Carlos Burle e J. B. Tanko. Entre 1956 e 1957, já familiarizado com a dramaturgia das comédias musicais feitas pela produtora carioca, dirigiu seu primeiro filme, a chanchada Rico ri à toa, estrelada pelo comediante Zé Trindade. Valendo-se do sucesso de bilheteria da obra, realizou nova comédia musical, No mundo lua (1958), com a participação de seu irmão Reginaldo Faria no elenco. Logo depois, dirigiu a Cidade ameaçada, lançado em 1960, com a atriz Eva Wilma no elenco. Sua primeira incursão pelo filme policial, sucesso de público e crítica, Cidade ameaçada concorreu à Palma de Ouro do Festival de Cannes, ao lado de produções de Bergman, Ichikawa, Saura, Buñuel, Antonioni e Fellini, que venceu a premiação com A doce vida. Nesta época, despertou interesse dos cinemanovistas, especialmente de Glauber Rocha. Voltou à chanchada com Um candango na Belacap (1961) e novamente ao filme policial com O assalto ao trem pagador (1962), clássico absoluto do gênero no país, responsável por consagrar sua carreira como diretor. Ainda no início dos anos 1960, realizou o drama rural Selva trágica (1964), saudado por Glauber, e constituiu, ao lado dos irmãos Reginaldo e Riva Faria, a R. F. Produções Artísticas. Em 1964, disposto a enfrentar as dificuldades de distribuição encontradas pelo cinema brasileiro no mercado, fundou a Difilm, iniciativa elogiada pelos jovens diretores da nouvelle vague.
Já apresentada no CCBB Rio, e em cartaz no CCBB SP entre os dias 05 e 16 de setembro, a mostra OS MÚLTIPLOS LUGARES DE ROBERTO FARIAS ainda apresenta em novas cópias 35mm a imperdível trilogia pop estrelada por Roberto Carlos, o contundente Pra frente Brasil (1982), longa sobre os anos de chumbo, dentre outras produções há muito ausentes das telas como a rara comédia erótica Os paqueras (1969) e o policial inspirado na obra de Plínio Marcos, Barra pesada (1977), ambos dirigidos por Reginaldo Faria e produzidos por Roberto Farias e seu irmão Riva Faria. No dia 18 de setembro, às 20h00, data de abertura da mostra na Cinemateca, Roberto Farias e Eva Wilma conversam com o público sobre a criação e os bastidores de Cidade ameaçada, após a projeção do filme.
Veja a programação completa aqui.
Fonte: Cinemateca Brasileira
Fotos: Divulgação
18.9.12
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