Tortura

Madrugada da última quinta-feira. Meteorologistas previam que ela seria uma das mais frias. Uma equipe de reportagem da TV Globo vai até o albergue do Projeto Oficina Boracea, na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo, para checar como está o atendimento dos moradores de rua. A gente sabe que o Boracea funciona bem e os mendigos são bem tratados, mas tem sempre um que reclama. O repórter decide ouvir alguns mendigos para saber a opinião deles sobre o tratamento recebido. Muitos resistem, mas um deles, com pinta de louquinho, solta essa:
- Aqui sou maltratado, já me bateram, torturaram e até enfiaram o dedo no meu cu.
Imaginem se a entrevista fosse ao vivo.

Sonora
Esse episódio me fez lembrar de um outro hilário, ocorrido no mesmo albergue do Projeto Oficina Boracea há alguns anos. Vários órgãos de imprensa foram convidados para conhecer o método de abordagem dos assistentes sociais para fazer os moradores de rua passarem a noite no albergue, protegidos do frio. Já eram 4h, vários desabrigados dormiam confortavelmente nas camas do albergue, quando um repórter mala da TV Bandeirantes decidiu que queria conversar com algum deles. Para isso, teria que iluminar o quarto, incomodando o sono alheio. Reclamei dizendo que aquilo seria uma sacanagem. O repórteu disse que precisava de uma sonora (entrevista, no jargão do jornalismo televisivo). Um mendigo ouviu a conversa e disse:
- Você quer uma sonora? Então tome.
E soltou um sonoro peido.