9.8.08

Regininha, a ex-coleguinha

A ex-louraça belzebu provocante não quer mais ser colega de carreira dos escribas de Mondo Cane e do Boteco Sujo, que aparecem na foto ao lado, feita por Bianca Alves

Em janeiro de 2007, Regininha Poltergeist disse que aceitou fazer seu primeiro filme, "Perigosa", porque precisava de dinheiro para pagar a faculdade de jornalismo. Na noite de anteontem, na festa de lançamento de seu segundo filme, "Sex City", em uma casa noturna de Moema, na Zona Sul de São Paulo, Regininha disse que freqüentou as aulas somente por três meses na Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. Ela resolveu trancar o curso ainda em 2007. "Não sei se vou retomar o curso de jornalismo", afirmou para Mondo Cane a loira, que despontou dançando sensualmente nos shows do cantor Fausto Fawcett no início dos anos 90.

No ano passado, Regininha alegou que queria estudar jornalismo porque "adora escrever e queria fazer reportagens para ajudar as pessoas". Agora ela mudou de idéia, depois que voltou a aparecer na mídia, depois de uma década longe dos holofotes. "Como personalidade, eu não me acostumaria a fazer o papel do lado oposto, apesar de achar o trabalho (de jornalista) interessante", afirmou, sem modéstia. Regininha não quis revelar quanto recebeu de cachê pelos dois filmes. "Posso dizer que foi um dinheiro bom", despistou. Ano passado, ela classificou o cachê como "milionário".

O lançamento do novo filme de Regininha, que tem pelo menos uma cena inspirada no filme americano "Sin City", de Robert Rodriguez e Frank Miller, aconteceu na casa noturna Stage Urbano. O trailer de "Sex City" mostrou que a loira está mais à vontade nas quatro cenas de sexo com atores diferentes, ao contrário de sua tímida atuação no primeiro filme. "A primeira vez é mais difícil para tudo na vida", filosofou. Na festa, Regininha mostrou seu lado funkeiro e cantou "Funk da Brasileirinhas", em homenagem à produtora de seus filmes pornôs, e "Kátia Flávia", sucesso de Fausto Fawcett. Era playback, mas a loira soltou a voz. "Sou Brasileirinha e não uso calcinha".

6.8.08

Lei seca diminui programas sexuais

Garotas de programas e travestis afirmam que estão na seca sexual por causa da lei que impede motoristas de dirigirem após umas doses de goró

Não são apenas os donos de bares que reclamam da diminuição do número de fregueses depois da criação da lei seca. Profissionais do sexo, como garotas de programa e travestis que fazem ponto nas ruas, afirmam que a clientela deles reduziu bastante com a medida que restringiu o consumo de bebidas alcoólicas de motoristas. Quem sobrevive com a prostituição diz que o faturamento caiu mais de 50%.

"Antes eu fazia quatro programas por noite nos finais de semana. Poderia fazer mais, mas esse era o meu limite. Hoje para conseguir fazer um programa está uma dificuldade", compara Renata, de 27 anos, que não quis dizer o sobrenome e pediu para não ser fotografada. Na madrugada da última sexta-feira, Renata esperava por seus clientes parada em uma esquina da região da Rua Augusta, tradicional ponto de prostituição do Centro de São Paulo. "O movimento caiu bastante porque nossos clientes bebem e dirigem", afirma.

Outras prostitutas concordam com Renata, mas preferem evitar a equipe de Mondo Cane. Renata não lamenta a queda do rendimento que obtém como garota de programa , pois trabalha há um ano na função de babá, ganhando um salário mensal de R$ 800. Ela diz que começou a se prostituir no começo deste ano, depois que o marido foi preso, para aumentar a renda do mês. "Tenho uma filha de 10 anos para sustentar e ainda ajudo minha família". Renata cobra R$ 100 por programa, com duração que varia de meia a uma hora.

Na Avenida Indianópolis, no Planalto Paulista, Zona Sul da capital, os travestis também relatam que a lei seca entrou em conflito com a atividade deles, pois a clientela chega por lá de carro depois de tomar umas e outras. "No nosso caso, é bom sair com homem bêbado. É mais fácil tirar dinheiro", diverte-se Bruna Ribeiro, de 28 anos. Depois de passar um ano na Itália, nas cidades de Rimini e Milão, Bruna voltou a trabalhar nas ruas de São Paulo há quatro meses. "Fazia uma média de cinco programas. Caiu 50%", observa Bruna.

Há três anos ganhando a vida na Indianópolis, o travesti Flávia Assunção, de 22 anos, conta que os clientes já admitiram ter sumido da área por causa da lei seca. "Eles comentam que têm medo de sair e acabar tomando uma multa", diz. Flávia acredita ser raro o cliente que não bebe antes de procurar um travesti. "Muitos têm vontade de vir bêbados, pois ficam bem soltinhos", brinca Flávia, que em dias melhores jura ter feito oito programas. "Antes a gente fazia dois programas em poucas horas. Para conseguir essa quantidade, temos que ficar a noite inteira aqui". O preço dos programas com os travestis varia de R$ 100 a R$ 1 mil.

2.8.08

O cinema volta à Boca do Lixo

Veterano ator e cineasta, que mantém seu escritório há 50 anos na região, quer resgatar a memória do cinema paulista

A partir de amanhã, a Rua do Triunfo, na Santa Ifigênia, região central de São Paulo, vai se transformar em uma sala de cinema ao ar livre em todos os domingos do mês de agosto. A iniciativa é da “Associação São Paulo, a Cidade e o Cinema”, presidida pelo amigo Rodrigo Montana, que já teve sua história contada aqui em Mondo Cane no ano passado.

Montana vai exibir a cada domingo um dos vários filmes que fizeram parte da história do cinema paulista e que foram produzidos ali mesmo na região, na grande maioria das vezes de forma independente. Os cinco primeiros filmes foram feitos entre os anos 50 e 70. Se o projeto for um sucesso, uma nova leva de obras ganhará a Rua do Triunfo no próximo mês. Para isso, Montana espera que os fãs do Cinema da Boca compareçam em peso no evento. “A presença do público no primeiro dia fará diferença”, diz Montana.

Para homenagear a comediante Dercy Gonçalves, que morreu no mês passado, amanhã será exibido “A Grande Vedete”, filme de 1958. Produzido pela Cinedistri, empresa cinematográfica que até hoje está sediada na Rua do Triunfo, "A Grande Vedete" foi o segundo e último filme de Dercy Gonçalves dirigido pelo mestre das chanchadas Watson Macedo (1918-1981), que no ano anterior havia feito com ela "A Baronesa Transviada".

No segundo domingo de agosto, será a vez da exibição de "O Vigilante Rodoviário". Trata-se do primeiro seriado criado para a televisão brasileira e da América Latina. “O Vigilante Rodoviário” foi ao ar em 1961, pela TV Tupi. A série foi criada pelo cineasta Ary Fernandes. Ao lado do pastor alemão Lobo, o policial percorria as estradas a bordo de um Simca Chambord amarelo ou uma moto Harley-Davidson ajudando as pessoas.

Em 17 de agosto, o público poderá conferir "D'Gajão Mata para Vingar", faroeste dirigido em 1971 pelo cineasta José Mojica Marins, o Zé do Caixão. Na semana seguinte mais um faroeste invade a tela da Rua do Triunfo, só que agora para fazer o público gargalhar. No dia 24 de agosto, Mazzaropi ganhará a tela com "O Grande Xerife", de 1972.

E finalmente, no dia 31 de agosto, a Rua do Triunfo mostrará o primeiro filme da dupla Chitãozinho e Xororó, "No Rancho Fundo", de 1971. O público deverá rir bastante mais uma vez com as atuações de Nhá Barbina, Simplício e Saracura. O cineasta Carlos Reichenbach está no elenco de “No Rancho Fundo”.

“Vamos mostrar filmes populares para atrair o povão para a Rua do Triunfo, o pólo do cinema paulista”, afirma Montana. Os filmes serão exibidos, a partir das 18h, em um telão montado no trecho próximo ao número 134 da Rua do Triunfo, onde fica o prédio da Cinedistri, empresa do cineasta e produtor Aníbal Massaíni.